domingo, 21 de janeiro de 2024

Amazônia Ancestral (G1-Fantástico)

 

Amazônia Ancestral

 

A fascinante matéria exibida no "Fantástico" nos transporta para o coração da Amazônia, onde segredos ancestrais são desvendados sem comprometer a beleza e a integridade da floresta. Utilizando tecnologia avançada, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou geoglifos e estruturas incríveis, testemunhos silenciosos de civilizações antigas.

A magia dessa descoberta está na habilidade de desenterrar o passado sem destruir o presente. Os geoglifos, marcados no solo, contam histórias de estradas, aterros e valas defensivas, demonstrando a presença de povos antigos e sua incrível maestria no manejo ambiental.

E a conexão global não poderia ser mais empolgante! As cicatrizes na floresta se entrelaçam com descobertas arqueológicas pelo mundo, transformando a Amazônia em um palco global de monumentalidade, como bem enfatiza a antropóloga Joana Cabral. Essa interseção entre ciência, cultura e preservação ambiental adiciona uma camada de significado, especialmente para aqueles engajados em projetos sociais e sustentáveis.

Imaginem como essas descobertas podem fortalecer missões voltadas para comunidades vulneráveis, enriquecendo não apenas o entendimento local, mas também a conexão global com o passado e o futuro. A Amazônia, agora mais do que nunca, se revela como um tesouro de histórias e possibilidades, onde o presente dialoga intensamente com o ontem.

 

Na íntegra:

Descobertas ocultas na Amazônia: geoglifos revelam civilizações antigas em meio à floresta

Sem precisar desmatar, pesquisadores do Inpe usam tecnologia que alia sensores de laser e satélites para mapear a superfície da floresta de maneira tridimensional. Para cientistas, marcas geométricas provam existência de civilizações organizadas na região amazônica séculos antes da chegada dos europeus.

Com uso de laser, pesquisa encontra construções humanas pré-colombianas na Amazônia.

A Amazônia reúne cerca de trezentas espécies de mamíferos, 1.300 de aves e 40 mil de plantas. Esses são alguns dos tesouros visíveis desse bioma. Mas entre raízes se escondem outras riquezas da floresta.

Por baixo de toda a biomassa da Amazônia – que soma 75 bilhões de toneladas – cientistas encontram geoglifos - grandes figuras geométricas marcadas no chão que descortinam sinais do passado há muito escondidos.

“Essas estruturas são várias coisas diferentes, elas são pedaços de estradas, são aterros, são valas que provavelmente tinham um papel defensivo pra proteger aquelas antigas aldeias ou o que a gente chama de assentamentos também, que eram aquelas grandes aldeias do passado”, explica Eduardo Neves, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.

Para a arqueologia, essas marcas geométricas - que já eram visíveis em áreas desmatadas - provam a existência de civilizações organizadas vivendo na região amazônica séculos antes da chegada dos europeus. 


Geoglifos são grandes figuras geométricas marcadas no chão que descortinam sinais do passado há muito escondidos — Foto: Reprodução/Fantástico 


Sem precisar desmatar, pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) conseguiram identificar estruturas semelhantes escondidas na mata fechada.

Mesmo mapeando menos de 0,1% da área da Amazônia, a pesquisa - que virou artigo na revista Science - encontrou 24 geoglifos até então desconhecidos nos estados de Mato Grosso, Acre, Amapá, Amazonas e Pará.

 

Mas a estimativa é de que o número seja muito maior.

Com dados advindos de uma tecnologia chamada lidar, sigla em inglês que significa "detecção e alcance de luz" - um pequeno avião carrega um sensor que emite feixes de laser capazes de mapear a superfície do terreno de maneira tridimensional com a ajuda de satélites. 


As "cicatrizes" na floresta sugerem que os povos originários tinham conhecimento para fazer manejo de rios e da vegetação — Foto: Reprodução/Fantástico


Cicatrizes que revelam histórias

Debaixo da floresta, pesquisadores identificaram estruturas de áreas delimitadas, mais ou menos do tamanho de um quarteirão de uma cidade de hoje em dia, e estradas ligando uma estrutura a outra.

O que essas "cicatrizes" na floresta sugerem é que os povos originários tinham conhecimento para fazer manejo de rios e da vegetação. Só na área estudada, 53 espécies de árvores foram descritas como "domesticadas".

Semana passada, outro artigo publicado na revista Science revelou ruínas de cidades de 2.500 anos na selva da área equatoriana da Amazônia. No México, foi encontrada ano passado uma cidade maia com pirâmides e palácios - totalmente enterrada.

Essa revolução tem aproximado a arqueologia de outra área de estudos: a antropologia. Descobertas físicas possibilitam novas leituras sobre a cultura dos povos originários do território brasileiro.

“Quando arqueólogos olham para as pirâmides maias, para as ruínas incas, mesmo para o Egito, eles vão falar na ideia de monumentalidade. A gente pode pensar que a Amazônia é a grande monumentalidade que a gente legou dos povos que habitaram esse tempo. A monumentalidade está na própria floresta, na própria paisagem”, exalta a antropóloga da Unicamp Joana Cabral.


Por Fantástico

21 de janeiro de 2024. 21h34

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