Dom Phillips visitou o povo Ashaninka
um mês antes de ser assassinado
As mortes do jornalista inglês Dom Phillips e do
indigenista Bruno
Pereira completam
um ano em junho. Cerca de um mês antes de ser assassinado no Vale do
Javari, no Amazonas,
Phillips esteve no Acre, na
terra do povo Ashaninka, para conhecer o processo de restauração e proteção da
floresta feito na aldeia.
Os repórteres Sônia Bridi e Paulo
Zero foram conversar com os indígenas que estiveram com ele. A reportagem especial
faz parte do projeto Forbidden Stories, um consórcio internacional que tem a
missão de continuar o trabalho interrompido pelo assassinato de um jornalista
no exercício da profissão.
Nas margens do rio Amônia, bem
pertinho da fronteira com o Peru, uma história de renascimento - da floresta e
do povo que a ocupa há milhares de ano. Quando recuperaram sua terra, o pasto
tinha substituído a mata. Mais de um século de exploração havia acabado com os
animais e os peixes.
Ressuscitar a floresta, exigiu todas
as mãos disponíveis. E foi feito tantas vezes, que ainda hoje a produção de
mudas é um dia especial, a cada mês.
“É, isso ele falou para a gente, né?
Assim, ‘o que vocês fizeram é um exemplo, né, para que vocês possam mostrar
isso e dizer que a solução não é não é só derrubar, né? A solução não é
derrubar a Amazônia. É porque a gente só acabando, só tirando, só tirando,
também o caminho não é isso”, conta Wewito sobre as conversas com Dom Phillips.
Entre uma entrevista e outra,
buscando respostas sobre como salvar a Amazônia, Dom Philips conversou com
Yara, filha de Wewito, sobre o ofício do jornalista. Ela anotou tudo.
“No final do evento, eu perguntei se
ele poderia me ajudar a fazer a matéria, já que ele trabalhava com isso há
muito tempo, né? Ele falou que sim, aí foi me orientando a fazer a matéria. Ele
escreveu uma parte, eu também escrevi… Então meio que ele deu início à minha
primeira matéria que eu fiz na vida, né?”, diz Yara.
Dom também subiu o rio com os
Ashaninka, para ver como eles vigiam a própria terra para impedir invasões e
compartilhou da fartura que já aparece de novo, basta jogar a rede.
Eles ainda têm muitos desafios pela
frente. Uma nova estrada, no Peru, pode tornar ainda maiores os perigos nessa
área de fronteira. O tráfico de drogas e invasões por madeireiros e caçadores
ilegais são perigos constantes, mas os Ashaninka avançam para um futuro que
eles mesmos estão construindo.
03 de junho de 2023 às 14:39hs